domingo, 14 de março de 2010

Ainda a Madeira - Más Interpretações

Segundo consta, uma capela foi totalmente destruída na enxurrada. Sobrou o local onde tinha sido erguida, um crucifixo e o boneco duma santa. Mais nada. Tudo o resto foi levado ladeira abaixo. O facto do crucifixo e do boneco terem sido poupados foi logo tomado pela população como um milagre. Houve portanto uma "força divina" que quis salvar um bocado de cerâmica pintada e um pedaço de ferro e borrifar-se para umas quatro ou cinco dezenas de vidas humanas. São prioridades e cada um tem as suas. Seguindo esta lógica, pode-se comparar esta atitude perante uma catástrofe à situação de um pai que a meio da noite vê que a casa está a arder e, em vez de acordar os filhos, salva os quadros e os bibelots.
É por esta e por outras que seres e forças divinas não me convencem.
Para o padre lá do sítio, no entanto, tudo isto foi um sinal. Um sinal de que a "força divina" quer uma nova capela construída naquele mesmo local. Isso mesmo. O caro (e único) leitor leu muito bem. O senhor padre quer a capela reconstruída naquele mesmo lugar. Ali, onde passou uma quantidade de água gigantesca fruto de um fenómeno natural, capaz de derrubar uma casa e de levar vidas humanas. O pároco afirmou-o perante as câmeras. Não consigo encontrar nada de vídeo na net para comprovar o que vi na TV, mas encontrei isto no "Jornal da Madeira": «“Quando soube do resgate da Imagem fiquei impressionado. Interpreto tudo isto como uma sinal de reconstrução e da vontade de Nossa Senhora em permanecer ali. Sem a capela, este Largo das Babosas fica vazio”, considera.»
Eu tenho para mim que há aqui uma má interpretação. Acho que, existindo o tal ser divino, a mensagem que ele estaria a querer passar seria: "...Vejam! Neste sítio só se safam o ferro e o barro!!! Pirem-se daqui! De vez em quando passa aqui muita água! ...E não é por ser de cem em cem anos que vocês humanos devem ficar espantados! ...Usem a vossa inteligência para construir... até os santuários!"

sábado, 13 de março de 2010

Nem 50 cêntimos!

Se há coisa que vou tentando combater em mim é esta vontade primária que tenho em mostrar aos outros a sua estupidez. Isto é de uma arrogância extrema, eu sei, e como tal, um comportamento repudiável. Mas eu estou longe de ser perfeito e, como disse, é um comportamento que tento combater.
Hoje, antes de pensar na estupidez, penso na falta de educação que leva os outros a se estupidificarem. Este processo é-me, no entanto, bastante difícil de assumir.

Um bom exemplo da dificuldade que tenho em não apelidar os outros de "estúpidos" é este caso da catástrofe na Madeira. (Já agora... ainda ninguém se perguntou porque é que uma das zonas mais afectadas tem o nome de "Ribeira Brava"?)

O lento retorno à normalidade na ilha trouxe também o regresso da besta - a besta que os madeirenses teimam em eleger para os governar. A mesma besta que é responsável pelas vidas que se perderam. Está agora provado que os avisos foram dados. Anos antes. O que o torna responsável. Primeiro ele e depois aqueles que continuam a achar que por ele devem ser governados. A prova disso, diga-se, foi dada numa resposta a uma jornalista que questionou esse pseudo-democrata sobre o peso dos pareceres dos ambientalistas quanto à reconstrução das áreas afectadas. A resposta do ogre ditador foi: "...mas quais ambientalistas?! O ambientalista aqui sou eu!!!" Claro que és Beto, e a prova está à vista!

Vejo todos os dias os apelos à ajuda e solidariedade para com os madeirenses. Mas esta postura do Beto leva a que o meu raciocínio siga a seguinte linha: "se grande parte do meu rendimento vai para o estado, que por sua vez vai patrocinar as tais políticas ambientalistas do Beto, então porque razão vou eu ser solidário e ajudar os madeirenses, se os tenho ajudado, involuntariamente, todos os anos?" Não há razão. Querem cobertores?! Peçam-nos ao Alberto. Eu não dou. Nem um cobertor, nem uma fralda, nem um cêntimo. Já dei demais! Ou melhor, CONTINUO A DAR!

(Um exemplo: eu pago portagens na área de Lisboa e um madeirense não paga uma única em toda a ilha... que está mais esburacada que um queijo suíço... e "esburacar" tem custos altos! Quem é que paga tudo isto? Os "cubanos", na sua voluntariedade forçada.)

A máxima oriental do «não dês o peixe mas ensina a pescar» aplica-se aqui perfeitamente. Ou seja, madeirenses aprendam, eduquem-se, vejam, informem-se, abram os olhos! O desenvolvimento da Madeira não passa só por dar condições aos monstros da hotelaria para se estabelecerem na ilha. O desenvolvimento da Madeira deveria estar muito para além do turismo. Mas quem deve decidir isso são vocês, madeirenses. Vocês é que sabem. Não me venham é pedir dinheiro porque tomam a decisão errada... constantemente! (até a "Visão" eu deixei de comprar quando vi que da edição dessa semana, 50 cêntimos iam para apoiar a catástrofe da Madeira. Já pago impostos suficientes!)

Quem os escolhe, que lide com eles. Daqui levam SÓ o profundo e sincero sentimento de dôr que sinto pela perda de vidas humanas.  A ajuda não é comigo. Peçam-na a quem vocês escolheram. Peçam-na ao vosso "ambientalista".
 
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