sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Império dos Porcos e a Liberdade de Escolha

A Smithfield é uma das maiores empresas da indústria alimentar americana. Vi um documentário no Toda A Verdade que mostrava como esta grande máquina se expande. Para resumir: Compram os matadouros, impõem os seus preços aos suinicultores, levam-nos à falência, compram as quintas e assim garantem o seu monopólio e o domínio do mercado. É o modus operandi comum. Esta Smithfield, grande como é, não se pode ficar pelo mal que faz socialmente. Também há a questão ambiental. O resultado do trabalho digestivo do porco é 10 vezes superior ao do homem. Os porcos da Smithfield defecam o equivalente a 100 milhões de pessoas... e para onde vai esta bosta toda? Para "lagoas" que acabam por poluir o ar que fica irrespirável e a água da área circundante. A Smithfield admite que há alternativas para lidar com os escrementos dos porcos, muitas delas reduziriam significativamente o impacto ambiental, no entanto, optar por essas alternativas é economicamente inviável. Ponto final.
Quis escrever sobre o documentário porque é um óptimo exemplo daquilo que falo no post do ambiente. Os interesses em rumo de colisão. Se o bem-estar é caro, então não há bem-estar. Que se lixe! ...o toucinho e as costeletas ficam ao preço da chuva, graças a D€us.
Como um império em crescimento que é, a Smithfield também patrocina políticos que lhes vão garantir a abertura das portas certas para a expansão da empresa. Garantem isso e muito mais, é claro. Umas leis ambientais flexíveis e com lacunas dão sempre jeito.

Voltando ainda ao documentário que, como dá para perceber, aconselho.
Do outro lado estão os suinicultores e agricultores que ainda sobrevivem. Queixam-se que não concorrem em pé de igualdade contra um monstro industrial que consegue pôr no mercado produtos a preços tão baixos. Ao que parece, segundo um responsável britânico para os assuntos agrícolas, é a liberdade do consumidor que vai decidir no final qual o produto a escolher: o barato da máquina industrial, ou o caro do pequeno/médio produtor.
O consumidor vai então usar da sua liberdade de escolha. Livre. O consumidor livre, que vê as suas economias e ganhos crescerem a um bom ritmo, próprio de uma evolução económica normal, sente-se assim livre para escolher entre a costeleta mais cara e a mais barata. Está assim nas nossas mãos, os consumidores livres, salvar os suinicultores e agricultores de serem esmagados por uma máquina económica de fazer salsichas.
Devo dizer que foi graças a esta noção que tenho agora da liberdade de escolha do consumidor que se fez claro na minha cabeça o «porquê» de certas mudanças que venho sentindo.
Por isso é que eu vejo o meu poder de compra a aumentar de ano para ano.
Por isso é que os impostos diminuem a cada orçamento.
Por isso é que se vende azeite importado de má qualidade.
Por isso é que, onde existiam três mercearias, dois lugares e um talho, agora existe uma única mercearia. É para o consumidor se sentir livre para escolher.
Assim sim, tudo faz muito mais sentido.
Estes gajos pensam em tudo.


Graças a D€us, somos livres!

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